Para muitas mulheres é inconcebível viver com incertezas ou, pelo menos, viver sem a sensação de que podem controlar suas vidas. Aceitar o ciclo natural da vida só é possível destituindo-nos da idéia de que podemos prever o amanhã e controlarmos nosso cotidiano.
Para que as mulheres vivenciem um parto natural faz-se necessário, de alguma forma, abrir mão de quererem controlar o momento, seja o presente ou até mesmo o futuro e, como constatação de tal dificuldade verificamos um número crescente de cesáreas agendadas (vamos desconsiderar tantos outros fatores que também influem nesta decisão...!), o fato é que não saber exatamente como as coisas podem acontecer, em que hora, em que lugar e em que circunstâncias é, no mínimo, assustador, concordam?!
Mesmo para as mulheres que optam esperar os sinais da natureza para o nascimento do bebê o finalzinho da gestação é angustiante, principalmente, quando passam das famosas 40 semanas, a notícia boa é que essa angústia é possível de ser trabalhada e transformada e um dos caminhos é aceitar a imprevisibilidade das coisas, aceitar o futuro como algo incerto, que não nos pertence e isso o yoga pode nos ajudar, entre outras formas, com a meditação.
Para os moçambicanos, a palavra futuro não existe, existe a idéia de futuro, mas ele não pode ser nomeado, não pode ser visitado por ninguém. Segundo o escritor Mia Couto, antecipar-se ao porvir representa transgressão. Por exemplo, uma mulher grávida não leva enxoval pra o hospital quando vai dar à luz, porque o bebê ainda não nasceu. Antecipar-se seria confrontar os deuses, que são os responsáveis pela guarda do território futuro.
Desejo que possamos aprender com esta cultura e também com as práticas do yoga uma nova forma de se relacionar com a espera de nossos bebês, e que sejamos mais pacientes e tranquilos para tal chegada, confiantes numa força maior e em nossa própria natureza!!!
Namastê
Muuuuuuuuuuitooooo fofis
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