sexta-feira, 15 de abril de 2011

Hypnobirthing

Sistema de saúde britânico estuda uso de hipnose em partos Pesquisa com 800
mulheres pretende descobrir se técnica reduz a necessidade de anestesia
durante o parto normal.


[image: O'Neill diz que teve um parto 'perfeito' com ajuda da auto-hipnose
(Foto: Arquivo pessoal / BBC Brasil)]*O'Neill diz que teve um parto
'perfeito' com ajuda da
auto-hipnose (Foto: Arquivo pessoal / BBC Brasil)*


O sistema público de saúde britânico, o NHS, está estudando oferecer cursos
de auto-hipnose a mulheres grávidas como uma forma de aumentar o número de
partos naturais (sem uso de anestesia) e reduzir custos.

O método, conhecido de forma geral como "hypnobirthing", tem crescido em
popularidade na Grã-Bretanha nos últimos anos, e promete ensinar às futuras
mães técnicas de respiração e relaxamento profundo que levariam a um parto
sem stress e com pouca ou nenhuma dor.

A moradora de Londres Simone O'Neill, de 37 anos, descreve o parto de seu
filho, em outubro de 2010, como "o mais perfeito que alguém poderia ter".

Segundo ela, Ludo nasceu com 4,4 kg, em um parto completamente natural e sem
os gritos normalmente associados à ocasião.

O'Neill frequentou um curso completo de 12 horas de "hypnobirthing" e disse
à BBC Brasil que o uso de hipnose fez toda a diferença para ela, mesmo já
tendo passado pela experiência de dar à luz sem nenhuma anestesia com sua
filha mais velha.

"Desta vez, foi muito mais rápido e eu me senti totalmente segura. Enquanto
com a minha filha eu passei mais de duas horas empurrando, meu filho levou
apenas alguns minutos para sair", conta ela.

"Você aprende a relaxar, a trabalhar com o seu. Eu tive meu bebê em casa e
as parteiras só olharam, não tiveram de fazer nada".

*Pesquisa*
A pesquisa sobre a eficácia da hipnose durante o parto está sendo realizada
por cinco universidades britânicas e vai ter uma duração total de dois anos.

Mais de 800 mães de primeira viagem vão participar de duas sessões de 90
minutos de duração perto da 32ª semana de gravidez, nas quais parteiras
especialmente treinadas ensinarão as técnicas de auto-hipnose, em um estudo
patrocinado pelo Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde (NIHR) e conduzido
pelo East Lancashire Hospital Trust.

Elas serão então acompanhadas durante o parto e comparadas a mulheres que
não receberam as aulas para saber se a hipnose fez com que menos delas
optassem pela peridural, uma injeção de anestésico aplicada na coluna com
uma agulha.

As mulheres que fizerem o curso de hipnose também serão acompanhadas nas
duas semanas seguintes ao parto para que se possa estudar os efeitos do
curso de forma mais ampla.

"Há provas de que a auto-hipnose funciona bem em outras áreas da saúde. O
NHS já usa o método em pacientes com dor crônica, síndrome do intestino
irritável e asma por exemplo", disse Soo Downe, especialista da Central
Lancashire Unicersity, que coordena o projeto.

"A ideia é dar às mulheres a capacidade de conduzir seu próprio parto,
reduzindo a necessidade de intervenções externas, que tornam o processo mais
perigoso para mãe e bebê".
*saiba mais*


*"Medo e ansiedade"*
O conceito de se usar hipnose no parto é antigo. No livro do médico Grantly
Dick-Read Parto Sem Medo, de 1933, o pesquisador britânico concluiu que o
medo e a tensão são responsáveis por 95% das dores do parto, que poderiam
ser eliminadas com técnicas de relaxamento profundo.

"Todos nós crescemos com histórias negativas sobre partos, imagens
aterrorizantes em filmes, relatos assustadores em livros. O "hypnobirthing"
ajuda as mulheres a se livrarem desses medos que fazem parte da nossa
cultura", disse à BBC Brasil Katharine Graves, fundadora do Hypnobirthing
Centre, em Londres.

"Acho que seria maravilhoso que todas as mulheres pudessem ter acesso a
isso, portanto o estudo do NHS é positivo, mas temo que duas sessões de 90
minutos não sejam suficientes para que elas tenham uma experiência
completa".

Maureen Treadwell, da Birth Trauma Association, que lida com mulheres
traumatizadas pela experiência de dar à luz, defende que o uso da
auto-hipnose não pode substituir a anestesia.

"É importante que os hospitais britânicos tenham o número necessário de
parteiras e médicos e que os recursos estejam disponíveis para que as
mulheres façam suas escolhas", disse ela.

"Pode ser mais barato no curto prazo não oferecer anestesia para uma mulher
em trabalho de parto, mas pagar o tratamento psiquiátrico de uma mãe
traumatizada pela experiência acaba saindo muito mais caro no fim".

Um comentário:

  1. Em que consiste enfim, a tal hipnose? Qual seria o procedimento realizado pela parturiente?

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