Como tudo surgiu...

Desde muito nova, mais especificamente após minha primeira menstruação, comecei a perceber, gradativamente, o significado de ser mulher... Desde estes tempos tive uma curiosidade muito grande sobre a essência feminina, suas necessidades físicas e emocionais, suas particularidades e, principalmente, sobre sua energia divina; não conseguia conceber o tratamento dado a nós, mulheres, em postos de saúde, na sociedade, nas relações conjugais, enfim, para mim, todo o tratamento que despreze a complexidade da mulher, sua natureza, me soa muito mal. Desde pequena projetava: “- Ainda desenvolverei um trabalho com mulheres que valorize e respeite a sua sensibilidade, suas características e isso não só por ser mulher, mas sim, por ser uma criatura perfeita, natural e orgânica.

A cada novo conhecimento sobre o funcionamento do organismo humano e de suas potencialidades eu ficava cada vez mais admirada com sua harmonia, diferentemente do homem, o qual possui também características muito particulares e especiais, a mulher possui uma estrutura própria que é capaz que gerar e intermediar a vinda de um novo ser a este planeta, o que não é nada trivial! É mágico, é lindo é divino, é orgânico! Entende-se por orgânico tudo que remete ao desenvolvimento natural, que é cultivado sem aditivos químicos, em que o todo relaciona-se harmoniosamente com suas partes e cuja própria estrutura atende perfeitamente às suas exigências funcionais e se assemelha aos contornos e formas encontrados na natureza.

Tive acesso no curso de Pedagogia ao conhecimento sobre o desenvolvimento do ser humano em suas relações sociais e emocionais, partindo desde as fases mais remotas quando ainda é um recém nascido até quando se torna um adulto, porém sentia que estava faltando alguma coisa, faltava entender as influências energéticas e transcendentais desde o momento da concepção do ser humano, do momento em que o espermatozóide se encontra com o óvulo e em todas as experiências posteriores: a relação materna e paterna com o feto, as influências ambientais, as mudanças físicas, sociais, emocionais na mulher, além das implicações sobre o feto e sobre a mãe dos cuidados e descuidados por parte da família e do sistema de saúde.

Confesso que comecei a me aprofundar nestas temáticas quando comecei a pensar na possibilidade de engravidar (um projeto a longo prazo, pelo menos, inicialmente, era de 2 a 3 anos), procurei cursos, livros, vídeos, conversei com grávidas, mas me sentia um pouco estranha, pois pensar e desejar conhecer detalhes minuciosos destas experiências causava surpresa nas pessoas pelo fato de não estar grávida... ouvi comentários que eu só pensava nisso, que deveria fazer algum tipo de terapia para controlar minha ansiedade e para esclarecer minhas dúvidas, enfim, ouvi de tudo menos de que me dedicar à maternidade, à mulher, à família, à criança é antes de tudo um conhecimento útil a ser adquirido para que se possa contribuir para um mundo melhor, com nascimentos mais saudáveis e com o restabelecimento de novas formas de relacionamento entre as pessoas, dado que tais conhecimentos promovem reflexões e atitudes em relação à essência feminina, a sua maravilhosa natureza e a sua complexa capacidade de ser diferente.

Hoje posso dizer que descobri essa habilidade em mim, descobri ser capaz de proporcionar aos casais grávidos que se redescubram, que percebam suas potencialidades, seus corpos, suas essências, enfim, redescubram-se como seres orgânicos.

Ainda não engravidei, mas aprendi que esta decisão deve vir junto com uma consciência sobre o que é estar no mundo, sobre nossa essência, ou seja, nossa verdadeira constituição. Também aprendi que carregarei em meu ventre uma alma assim que ela estiver pronta para vir e não serei eu a decidir sobre isso.

Agradeço a Krishna por toda sua misericórdia!